Rio Grande do Sul
- Ide Rad IR
- 23 de jun. de 2024
- 7 min de leitura
Atualizado: 5 de jan.

Durante 10 dias, de 15 a 25 de maio, tivemos o privilégio de servirmos à população do Vale do Taquari ao lado de várias equipes de todo lugar do Brasil. Fomos em número de 04 pessoas representando Jocum Cabo Frio e Jocum Resende, ambas cidades do Rio de Janeiro. Todos os membros da equipe, individualmente, não viam sentido em ver aquele povo em estado de necessidade e não cooperar com os desabrigados, que em sua grande maioria, não tinham como voltar para suas casas, visto que não as tinham mais.
Como nós sabemos, tudo isso envolve valores, e valores são necessários, porém a falta de dinheiro, não seria, essencialmente, aquilo que impediria a equipe de ir. Não que todos os envolvidos tinham, e de sobra, pelo contrário, todos esperavam pela providência do Senhor. No coração da equipe ardia o desejo de cumprir aquilo pelo qual foram chamados: comunicar a todos sobre esperança, o amor de Deus, sua compaixão, fidelidade, graça e misericórdia por todos nós. Foi aí que o SENHOR de tudo e todos agiu. Seguimos viagem rumo ao Sul do Brasil.
Nosso primeiro destino no Rio Grande do Sul foi a base de Jocum Passo Fundo, cujo líder estava a cargo de distribuir equipes para os locais mais afetados da região do Vale do Taquari. Foram chegando equipes de todo Brasil, assim como de outros países também.
Ao chegarmos no Vale do Taquari notamos a devastação que a água deixou. Foi imensamente triste.
Todos, sim, todos os que foram afetados, ricos e pobres ficaram na mesma posição, em estado de necessidade. Havia muita busca por água, luz, material de limpeza, etc. Há regiões que jamais serão habitadas novamente, por conta do risco iminente de uma próxima inundação, já que se tratava da quarta, desde setembro de 2023. Haverá região que jamais haverá plantação, pois a terra foi totalmente comprometida.
A passagem de Roca Sales, uma cidade, pela qual deveríamos cruzar para chegar em Estrela, estava fechada e teríamos que aguardar 7 horas para retomarmos a viagem. Decidimos então ir por um trecho desconhecido de muitos, e depois de superarmos deslizamentos e atolamentos, chegamos na Cidade de Estrela.
Em Estrela, nos situamos no Ginásio da Sociedade Esportiva de Estrela (SOGES), éramos várias equipes de diversos lugares do Brasil, havia também, gente do Chile, México e Uruguai. O ginásio que é um polo esportivo, passou a ser de ponto de apoio, distribuição de água, roupas, gêneros de 1ª necessidade, e também base de mobilização missionária.
As equipes, em sua maioria haviam terminado o período teórico da Escola de Treinamento, e iriam iniciar o período prático, e claro, já tinham seus destinos certos. Porém, todas as que estavam presentes no SOGES, receberam direção por parte do Senhor, de servirem à população do Vale do Taquari, em diversas formas.
Os bairros mais afetados pela inundação na cidade de Estrela foram: A parte baixa do Centro, Industrias, Marmitt e Moinhos …
Como citado acima, éramos uma equipe de quatro pessoas, dois representando a Jocum Resende e dois representando a Jocum Cabo Frio. Em nosso primeiro dia de serviço fomos observar as residências afetadas de um bairro chamado Industrial. Como o próprio nome diz, no bairro Industrial, grande parte, ou quase todas as indústrias foram afetadas com perda total, e claro, todos, todos os afetados! De empresário a empregado, ficaram sem seus empregos.
Alguns irão pensar: ah, mas o seguro paga. Sim, pode até ser que sim, o seguro existe para estes fins
porém estamos tratando de perdas que alcançaram um estado inteiro. Trata-se de vidas que jamais serão como antes, famílias que perderam entes queridos, animais de estimações, gado, que perderam suas casas, terras e terrenos que foram condenados, jamais terão a função social exercida, seja habitação, indústria, comércio ou plantio. Havia uma camada de lama com cerca de 30 cm, que permaneceu nos imóveis afetados. Era um tipo de argila com um cheiro forte que danificou de automóveis, móveis, imóveis a plantações.
NOSSA 1ª CASA
Em nossa primeira casa, também tivemos nossa primeira experiência com os moradores do Bairro Indústria, onde conhecemos aos senhores Adriano e Joice. Sra. Joice nos recebeu muito triste por ter perdido 24 anos de trabalho, o Sr. Adriano triste, porém, grato esperançoso por ter em mente que bens materiais, conseguimos novamente, não é fácil, porém, melhor que perder a vida, disse ele.
NOSSA 2ª CASA
Nossa segunda experiência com os afetados do Bairro das Indústrias foi com um jovem empresário chamado Maicon, cuja empresa inundou-se toda, e precisava retornar às atividades para colocar a vida financeira em ordem, vez que as contas não param, e a vida continua. Havia uma camada de lama com cerca de 30 cm. Tipo de lama que fica no fundo do rio. Éramos um grupo de 6 pessoas, fora os proprietários. Era muita lama! Mas a força tarefa executada tirou tudo, restando um poço onde colocavam os carros, e por baixo executavam os serviços embaixo dos automóveis. Foi uma manhã inteira e parte da tarde.
NOSSA 3ª CASA
Na terceira casa, haviam umas criancinhas e toda a equipe se mobilizou para auxiliar ao Sr. Elemar, de 71 anos, Sr. Paulo, seu genro e família. A casa tinha um a garagem, onde havia um ateliê. A água deixou a casa submersa. Era lama para todo lado, e como aquela família havia perdido sua casa, decidiram alugar essa, onde estávamos limpando. Foi um dia e meio de trabalho. Carrinho, pás, rodos e máquinas de jato d´água, e claro! Um continente de dez pessoas, sete nosso com três deles. Na maioria das residências, a lama não tinha para onde descer, então, maior parte, colocávamos na rua, e o serviço de limpeza da prefeitura, que já estava saturado, retirava. Um mix de móveis, materiais que se perderam e lama. Os moradores estavam pegando firme no outro dia. Como tínhamos outro local para operar, deixamos a residência do Sr. Elemar.

4º Local
Continuamos no bairro das Indústrias, bairro inteiramente afetado pela quarta enchente. Fomos ajudar o Pr. Gideão e o Ozéias que haviam perdido suas casas, assim como a igreja . Foi algo que me comoveu bastante. Não por ser uma igreja, porém por ele mesmo. O Pr. Gideão conseguiu abrigo para si e sua família em uma empresa que lhe cedeu o espaço. O impressionante foi que mesmo afetado, perdeu seus bens todos, utilizou um galpão para guardar mantimentos, receber e mobilizar doações, e todo dia, sim todo dia, oferecia mais de quatrocentas refeições para a comunidade desabrigada. Ah … os membros de sua igreja em sua totalidade, perderam suas casas, ficaram desabrigados. O SENHOR tem sustentado o Pr. Gideão na tarefa de doar alimentos, roupas e água a muita gente lá na cidade de Estrela – RS. Meu coração fica muito sentido (força de expressão) toda vez que penso ou vejo foto deles. Por favor, ore pelo Pr. Gideão.
5º Local
A chuva nos despertou com um barulho imenso sobre o teto do SOGES, despertamos de madrugada assustados com o barulho da chuva, temendo que o Rio subisse novamente. Naquele dia a chuva entrou no ginásio e era uma correria para encontrarmos local que nos abrigasse da chuva, desde aquele dia até nossa volta, foi de chuva e frio. A temperatura já estava a 8º, que para mim era muito frio [rs]. Jhonny, o diretor da base de cabo Frio, estava confortável [rs], afinal, é natural da Patagônia, e frio para ele é algo normal. A liderança da mobilização no ginásio estava a cargo de Johnny, que naquele dia decidiu que iríamos junto com os meninos de Natal-RN e Joinvile-SC para a cidade de Lajeado, estar com o povo abrigado nos três galpões do Centro de Convenções de Lajeado, também no Vale do Taquari. lá estaríamos com as crianças. Foram feitas apresentações circences, truques, e não faltou Palavra, claro! Foi um tempo muito bom e produtivo. Missão cumprida, e retornamos à Estrela.
6º Local
Finalizamos nossos dias entre o ginásio da Sociedade de Ginástica Esportiva de Estrela (SOGES) e o Dojô do Marcão Borba. No SOGES, frequentemente descarregávamos caminhões de doações. Graças ao SENHOR vieram muitos! E Marcão? O Marcão foi um herói. Ele resgatou muita gente em seu barco, sobre aquele rio que estava acima de seu leito, 34 metros. Uma rua atrás do Dojô, no centro da cidade de Estrela, havia casas totalmente cobertas. Estamos falando de casas de dois andares. Quando chegamos as primeiras pessoas que vimos trabalhando foi o apóstolo Wagner Calheiranas e o Marcão, embaixo de chuva, orientando o pessoal que desesperados, buscava, mantimentos, água, roupas e cobertores. Sabe de algo? Para quem gosta de criticar, o apóstolo Wagner deu lição de humildade, generosidade e altruísmo. Saíram ele e Marcão no barco para ajudar pessoas. A igreja que pastoreava, era a maior da cidade, perdeu-se tudo. Ele também perdeu, além do prédio da igreja, com 2.400 metros, uma indústria de suplementos vitamínicos. Assim como o Pr. Gideão, incansavelmente, dia a dia, mobilizava pessoas, caminhões, além de trabalhar distribuindo mantimentos e afins para a população. Marcão, como o Maicon, teria de reabrir o Dojô. Precisava trabalhar, colocar as contas e a vida em ordem. Fomos para o Dojô, reorganizamos roupas, sapatos, agasalhos, e todo tipo de doação, e realocamos para uma loja que era revenda de autos. Passou a ser depósito de doações. Trabalhamos em mais de quinze pessoas.
O que aprendemos com tudo isso?
O que aprendemos com tudo isso foi que há um DEUS que se importa conosco, comunica-nos que o amor ao próximo deve ser exposto em atitude, não apenas de palavras. Palavras o vento leva, as boas atitudes, ecoam na eternidade. Também que sustenta-nos através do poder de Sua Palavra, ouvida e obedecida por aquele que tem o coração movido por compaixão e desapego financeiro. Aquele que não pode ir, mas dá suporte e segura a corda para outros irem. Aprendemos que Ele, o SENHOR é Fiel para sustentar-nos quando estamos submissos à Sua missão. Fomos privilegiados em poder ir, ver de perto, e atender ao clamor daquele que pediu ao SENHOR que passássemos à Macedônia em socorro. O melhor de tudo é que vimos de perto, que Maior é o que está conosco. Há muita gente boa, de coração bom no Brasil.
Por: Marcos Badusca Reis
Ide Rad | Alcance Brasil



Comentários